O tema das vantagens – e inconvenientes – do teletrabalho tem sido objeto de um acalorado debate desde que a Diretora Executiva do Yahoo, Marissa Mayer, decidiu proibir o trabalho em casa.
Segundo um comunicado interno confidencial que vazou para a imprensa, Mayer disse que a comunicação rápida e a colaboração de qualidade frequentemente são sacrificadas quando as pessoas trabalham a distância, inclusive em casa.
As melhores decisões, declarou, na maioria das vezes são tomadas durante reuniões informais no local do trabalho.
Os comentaristas assinalaram a aparente contradição de uma sociedade informatizada que acredita que as pessoas devem estar fisicamente presentes para comunicar-se, sobretudo quando a tecnologia do Século XXI permite que muitos trabalhadores possam conciliar de maneira eficaz o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional ao trabalhar a distância.
A ideia de que é necessária a presença dos empregos em um lugar físico para poder colabora eficazmente está arraigada na “velha escola” de gerência, que em parte se baseia na convicção de que não se pode confiar no trabalho realizado em casa.
No entanto, existe uma grande quantidade de evidências que demonstram que os trabalhadores tendem a ser mais produtivos e trabalhar mais horas que seus colegas que trabalham no escritório. Algumas grandes empresas, como Best Buy, British Telecom e Dow Chemical, afirmam que os teletrabalhadores são entre 35 e 45 por cento mais produtivos.
O argumento econômico
Embora seja possível que não é conveniente para as todas as pessoas e organizações, existe um argumento comercial convincente em favor do teletrabalho, que é benéfico tanto para o empregador como para o trabalhador.
Em primeiro lugar, aumenta a satisfação pessoal do empregado: livres da agitação diária de ter que percorrer longas distâncias, os trabalhadores podem encontrar mais facilmente um equilíbrio entre a vida privada e o trabalho e o tempo que perderiam parados no trânsito pode ser dedicado a trabalhar para a empresa.
Os estudos demonstram que o teletrabalho reduz a rotatividade de pessoal, o que se traduz em economia de milhares de dólares em custos de formação e contratação de novos empregados.
Além disso, o absenteísmo é consideravelmente reduzido, numa média de 63 por cento de acordo com um resumo de pesquisas sobre este tema. Uma das razões subjacentes pode ser que muitos empregados que tiram uma licença por doença, na realidade não estão doentes senão que se ausentam por motivos familiares, necessidades pessoais ou por causa de stress. A flexibilidade de horário oferece a possibilidade aos teletrabalhadores de encarregar-se das obrigações familiares, cumprir suas obrigações ou programar suas reuniões sem perder um dia completo de trabalho.
O teletrabalho também permite que os empregadores economizem dinheiro com o consumo de energia, bens imóveis ou custos de relocalização. Também permite economizar o tempo perdido em reuniões desnecessárias ou mal organizadas. As teleconferências costumam ser melhor planificadas e mais concentradas no tema em discussão.
Mas provavelmente um dos argumentos mais fortes em favor do teletrabalho pode ser expresso em uma palavra: diversidade.
As mulheres continuam sendo as principais provedoras de cuidados e muitas não participam da força de trabalho por causa de suas responsabilidades familiares, frequentemente porque não conseguem conciliar o fato de ter que ir ao local de trabalho e cuidar de seus filhos e familiares mais velhos. O teletrabalho também oferece possibilidades às pessoas com deficiência que têm dificuldades para chegar ao local de trabalho. Alguns empregadores completamente virtuais contratam pessoal a distância sem tê-lo visto, reduzindo a eventual discriminação causada por raça, religião ou outros motivos.
Isto, em troca, enriquece a reserva de talentos à disposição dos empregadores.
Uma questão de confiança
Embora a tendência seja em direção à evolução do teletrabalho e a maioria dos gerentes digam que confiam em seus empregados, uma terça parte declarou que prefere ver seu pessoal, para estar seguros de que estão trabalhando. Isso enfatiza a necessidade de uma mudança na cultura empresarial rumo a um enfoque mais modernos que considera o pessoal digno de confiança.
Os empregados que trabalham em suas casas também devem autogerenciar-se, dispor de um espaço de trabalho definido e entender que o teletrabalho não é um substituto do cuidado com as crianças, ainda que ajude aos pais e mães que trabalham a cumprir suas responsabilidades familiares. Os horários de trabalho devem ser programados baseados nas necessidades da família. Também é necessário dispor de políticas de licenças flexíveis e bem remuneradas assim como serviços sociais acessíveis e de qualidade tanto para as mulheres como para os homens.
Alguns empregados podem preocupar-se pelo isolamento ou que sua promoção profissional seja comprometida.
Mas com a quantidade de inovação tecnológica disponível para as empresas – videoconferência, mensagens instantâneas, correio eletrônico e até o tradicional telefone – assim com o contato direto e ocasional e os sistemas de avaliação baseados no rendimento, o teletrabalho oferece argumentos convincentes.
Fonte: ILO
Título Original: Vantagens do trabalho a distância